Muitos moradores da Baixada Fluminense já ouviram falar sobre o “vulcão de Nova Iguaçu”, que fica localizado no Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, popularmente apelidado de Parque do Vulcão. A área de 1.100 hectares conta com lagos e cachoeiras e, por isso, atrai muitos visitantes.
No entanto, o principal questionamento que passa pelas histórias que os moradores do município escutam é: realmente há um vulcão em Nova Iguaçu? A resposta é não. A geóloga Débora Rodrigues Barbosa explicou:
“O chamado Vulcão de Nova Iguaçu foi inicialmente descoberto em 1977, pelos geólogos Victor Klein e André Calixto Vieira. Eles viram a ocorrência de rochas vulcânicas que, dispostas de forma circular, cobriam uma extensa área da Serra do Madureira no maciço do Gericinó. Eles entenderam que havia um antigo edifício vulcânico cujo topo seria uma cratera, então eles constataram a presença de fragmentos de um vulcão“, ela contou, destacando a época em que a pesquisa foi feita.
“Só que 20 anos se passaram, e novas tecnologias e técnicas de pesquisa permitiram aos geólogos uma atualização dessa perspectiva. Com os novos estudos, foi descoberto que na verdade, trata-se de uma câmara magmática, ou seja, a estrutura nunca foi um vulcão“, completou.
Uma câmara magmática alimenta dutos que chegam até os vulcões, permitindo a liberação da lava. Com a abertura do Oceano Atlântico, houve a formação de um conjunto de linhas de fraqueza no Sudeste, que permitiu esse extravasamento do magma.
“É um magma pobre em sílica, por isso que leva o nome de alcalino. Só para esclarecer, embaixo da terra, chamamos de magma, quando chega à superfície, chamamos de lava. Então, o que chamamos de Vulcão de Nova Iguaçu é uma câmara magmática que foi exumada com os processos erosivos depois de 60 milhões de ano. Isso quer dizer que tudo que estava em cima, foi arrastado pela chuva, rios, ventos; e o que estava embaixo [a câmara magmática] foi exposto“, explicou Débora.
A geóloga ressalta então que a estrutura existente em Nova Iguaçu nunca foi um vulcão inativo, como é dito popularmente.
“Uma pergunta simples que fazem, se pode haver derramamento magmático daqui a 40 ou 100 anos, talvez. Não. Não era um vulcão, então não tem como ficar ativo“, afirmou.
Débora destaca que, mesmo não havendo um vulcão, a área é de suma importância para as pesquisas: “Enquanto evento geológico, essa câmara magmática precisa ser mais estudada para entendermos a sua formação, desenvolvimento e finalização. Na verdade, toda a faixa de linhas de fraqueza precisa ser estudada para que possamos compreender melhor o fenômeno e suas consequências“.
Ela complementa citando ainda a importância da área, que também atrai visitantes e turistas: “Enquanto patrimônio geológico que gera turismo para a região, o valor é mais alto ainda: é valorizar o que a Baixada Fluminense tem, a sua geodiversidade. Por isso, foram criadas unidades de conservação para proteger o meio ambiente e manter uma história geológica que possa ser contada para as novas gerações“.
FONTE:https://diariodorio.com/
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